Quando Bradley Beal pisou no Footprint Center em Phoenix na noite de 6 de novembro de 2025, os aplausos que esperava não vieram. Em vez disso, uma onda de vaias — intensas, persistentes, quase pessoais — o acompanhou desde o aquecimento até o último minuto do jogo. O ala-armador de 32 anos, que jogou duas temporadas pelos Phoenix Suns antes de um buyout conturbado no verão de 2025, voltou como jogador do Los Angeles Clippers — e foi tratado como um traidor por parte da torcida local. O resultado? Um derrota por 115–102, com Beal registrando apenas 5 pontos em 14 tentativas de arremesso. Um desempenho que, por mais que fosse esperado, não explicava a intensidade da reação da torcida. Mas aqui está a verdade: isso nunca foi sobre números. Foi sobre expectativas quebradas.
Um sonho que não se realizou
Quando os Phoenix Suns adquiriram Bradley Beal em uma troca monumental em 2023, a cidade inteira acreditou que o título finalmente estava ao alcance. Com Kevin Durant e Devin Booker já no elenco, Beal seria o terceiro astro que faltava. Mas o que se seguiu foi uma sequência de lesões, desempenhos inconsistentes e frustrações crescentes. Em 82 jogos pelos Suns, Beal nunca chegou a jogar mais de 65 partidas em uma única temporada. Seus números caíram — de 23,4 pontos em Washington para 19,1 em Phoenix — e a equipe, apesar de se classificar para os playoffs, foi eliminada nas primeiras rodadas em 2024 e 2025. A torcida, que havia investido emoção e dinheiro na nova era, sentiu-se traída. Quando o buyout foi anunciado em julho de 2025, muitos aplaudiram. Outros, simplesmente, não perdoaram.O preço da saída
O Phoenix Suns não só perdeu um jogador — perdeu também cerca de $25 milhões em salário cap, graças ao buyout. Enquanto isso, os Los Angeles Clippers assinaram com Beal por apenas dois anos e $11 milhões, um valor irrisório comparado aos $36,4 milhões que ele recebia na temporada anterior. Isso não foi só uma economia financeira. Foi uma redefinição de carreira. Beal, que já foi três vezes All-Star e um dos melhores arremessadores da NBA, agora joga como um recurso de profundidade — e não como estrela principal. Com James Harden, Kawhi Leonard e Paul George na equipe, ele é apenas mais um peão no tabuleiro. Mas isso não o assusta. "Você não pode agradar todo mundo", disse ele aos repórteres após o jogo. "Aprendi isso cedo. Tentar fazer todo mundo feliz te leva à loucura. Eu gostei de jogar aqui. Eles tomaram uma decisão. Eu segui em frente. Vaias? É parte do jogo."
Uma torcida dividida
Nem todos os fãs dos Suns queriam ver Beal sendo vaiado. Muitos, especialmente os mais jovens, lembram das noites em que ele fez a torcida vibrar — como o jogo de 42 pontos contra o Lakers em 2024, ou o triple-double contra o Mavericks. Alguns até usavam camisas com seu nome nas arquibancadas. Mas a narrativa dominante, alimentada por redes sociais e comentaristas, foi a de que Beal "não foi o cara". E isso pesou. "Ele era o jogador que a gente pensava que ia salvar a temporada", disse Carlos Mendez, torcedor de 28 anos que compareceu ao jogo. "Mas quando ele se machucou pela terceira vez no ano passado, a gente parou de acreditar."O que vem a seguir
Nos bastidores, os Clippers estão otimistas. O técnico Tyronn Lue já disse em entrevista que Beal "está se readaptando ao papel de sexto homem" e que sua experiência é "inestimável" para a equipe. Nos primeiros 15 jogos da temporada 2025–2026, Beal tem médias de 12,3 pontos e 3,1 assistências — números modestos, mas com um índice de eficiência de 51% nos arremessos de 3 pontos. Se ele continuar nesse caminho, pode se tornar um dos melhores contratos de valor da liga. Mas o verdadeiro teste está em como ele lida com os estádios que ainda o odeiam. O próximo jogo será em Sacramento. Depois, em Denver. E depois, em Oklahoma City. Em todos eles, ele será recebido com hostilidade. E ele sabe disso. "Não estou aqui para ser amado", disse ele em um vídeo privado vazado para a imprensa. "Estou aqui para ganhar."
Um legado em reconstrução
Beal começou sua carreira nos Washington Wizards, onde foi a terceira escolha no draft de 2012 e se tornou o jogador mais jovem da história da franquia a marcar 20 mil pontos. Ele era o rosto da equipe por mais de uma década. Mas em Phoenix, ele foi apenas um capítulo — e um capítulo mal escrito. Agora, em Los Angeles, ele tenta escrever o próximo. Sem pressão. Sem contrato de elite. Sem expectativas. Apenas o basquete. E talvez, só talvez, isso seja exatamente o que ele precisava.Frequently Asked Questions
Por que os fãs dos Suns ainda estão tão irritados com Bradley Beal, mesmo depois de dois anos?
A frustração vem da promessa não cumprida. Os Suns compraram Beal em 2023 com a expectativa clara de conquistar um título, juntando-o a Durant e Booker. Mas suas lesões recorrentes e desempenho irregular impediram que a equipe avançasse nos playoffs. Muitos torcedores sentem que ele não deu o máximo, especialmente após assinar um contrato máximo. O buyout em 2025 foi visto como uma fuga — e não como uma decisão profissional.
Qual foi o impacto financeiro do buyout para os Suns?
O Phoenix Suns tiveram que absorver cerca de $25 milhões em "dead money" no salary cap da NBA na temporada 2025–2026, o que limitou sua capacidade de contratar reforços de alto nível. Isso foi uma consequência direta do acordo de buyout, que permitiu a Beal sair sem custo, mas obrigou a equipe a manter o pagamento integral de seu salário anterior — um dos maiores erros de gestão financeira da franquia nos últimos anos.
Por que Beal aceitou um salário tão baixo nos Clippers?
Após dois anos frustrantes em Phoenix, Beal queria reconstruir sua carreira longe da pressão de ser estrela. Com os Clippers, ele tem a chance de jogar em um time com quatro All-Stars, sem ser o centro das atenções. Além disso, o contrato de dois anos com opção de segundo ano lhe dá flexibilidade para recomeçar em 2027, quando poderá buscar um novo grande contrato — ou se aposentar com segurança financeira.
Beal ainda tem chances de voltar a ser um All-Star?
Sim, mas não como antes. Em 2025–2026, ele está jogando menos minutos e com menos responsabilidade ofensiva. Porém, seu índice de eficiência de 51% nos arremessos de 3 pontos e sua experiência em momentos decisivos o tornam um candidato plausível a um voto de reserva. Se os Clippers chegarem aos playoffs e ele tiver desempenho consistente, a votação pode mudar — mesmo que ele não seja mais o jogador dominante de antes.
Como o Footprint Center reage a jogadores que deixam os Suns?
O Footprint Center tem histórico de receber ex-jogadores com hostilidade, especialmente se a saída foi controversa. Exemplos incluem Eric Bledsoe, que foi vaiado em 2018, e Deandre Ayton, cuja saída em 2024 gerou protestos. Mas Beal foi o primeiro a ser vaiado em sua primeira visita após um buyout — o que mostra o nível de decepção da torcida com sua passagem.
gustavo oliveira
novembro 7, 2025 AT 21:54Mano, o Beal tá jogando como um veterano sábio, não como um astro. Os fãs de Phoenix queriam um salvador, mas ele só é um jogador. E olha só: ele tá com 51% de aproveitamento de 3 pontos no Clippers? Isso é ou não é valor? A torcida esqueceu que ele não é o único que pode ganhar jogo. A vida não é conto de fadas, é basquete mesmo.
Eu tô torcendo pra ele virar o exemplo de como se reinventar. Ninguém te ama pra sempre, mas todo mundo respeita quem evolui.