São Paulo registra duas mortes por metanol e alerta sobre bebidas

São Paulo registra duas mortes por metanol e alerta sobre bebidas set, 28 2025

Dois mortais foram confirmados em São Paulo devido à ingestão de álcool contaminado com metanol, e o Centro de Vigilância Sanitária do Estado (CVS) já emitiu alerta oficial. As vítimas, uma residente da capital e outra de São Bernardo do Campo, morreram após apresentarem sintomas típicos de intoxicação, como dores abdominais e perda de visão. O Ministério da Justiça, que também assinou o comunicado, reforçou a necessidade de vigilância nas redes de distribuição de bebidas alcoólicas.

Contexto e histórico de intoxicações por metanol

Intoxicações por metanol não são novidade no Brasil, mas o surto atual ganhou proporções inéditas desde junho de 2025, quando o CVS registrou os primeiros cinco casos. Até o fim de setembro, o número subiu para seis confirmações – duas delas fatais – e dez suspeitas ainda sob investigação na capital. Em comparação, a média nacional dos últimos três anos foi de menos de um caso por estado.

Especialistas apontam que, geralmente, a contaminação ocorre em produção clandestina, quando álcool etílico é adulterado para aumentar o volume ou a potência. O Eduardo Ortega, chefe do Centro Nacional de Epidemiología do Peru, destacou que a América Latina tem visto um repique desses episódios, citando surtos recentes no México e na Colômbia.

Detalhes dos casos confirmados em setembro de 2025

No dia 27 de setembro de 2025, o CVS divulgou que duas pessoas foram declaradas óbitas por falência múltipla de órgãos. Ambas haviam consumido bebidas alcoólicas adquiridas em estabelecimentos informais da região do ABC Paulista. O laudo toxicológico apontou concentração de metanol acima de 500 mg/L – nível considerado letal.

Os sintomas relatados – antes da internação – incluíam:

  • Dor abdominal intensa;
  • Náuseas e vômitos persistentes;
  • Dificuldade respiratória;
  • Visão turva, seguida de cegueira parcial;
  • Convulsões e perda de consciência.

O diagnóstico precoce é crucial, pois o antídoto – fomepizol – precisa ser administrado nas primeiras horas. Infelizmente, nos casos fatais o tratamento chegou tarde demais.

Reações das autoridades e medidas adotadas

Ao confirmar os óbitos, o Ministério da Justiça enviou um alerta nacional, reforçando a cooperação entre saúde, segurança pública e fiscalização sanitária. O secretário de Saúde do Estado, em entrevista ao CNN Brasil, ressaltou que "estamos intensificando a inspeção de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas a preço de custo".

Além da apreensão de lotes suspeitos, foram intensificadas as campanhas de informação nas mídias sociais, rádios comunitárias e nas unidades de saúde. A população foi orientada a observar rótulos, evitar bebidas de procedência duvidosa e procurar atendimento imediato ao notar os sintomas citados.

Impactos na saúde pública e avisos à população

O risco vai além dos dois casos fatais. Até o momento, oito pessoas foram hospitalizadas, e cinco delas já receberam o antídoto. O CVS estima que o número real de exposições possa ser maior, considerando que muitas vítimas podem não ter procurado ajuda por desconhecimento dos riscos.

Especialistas em toxicologia alertam que o metanol, apesar de ser usado industrialmente, pode ser metabolizado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que atacam o nervo óptico. Por isso, "a cegueira é um dos sinais mais alarmantes e costuma ser irreversível se o tratamento não for imediato", explica o Dr. Sérgio Almeida, toxicologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Próximos passos e investigação em curso

A força-tarefa criada pelo governo estadual continuará a mapear a cadeia de suprimentos das bebidas suspeitas. Amostras de garrafas apreendidas serão enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para análise completa. Enquanto isso, a polícia civil de São Paulo investiga possíveis ligações com quadrilhas de contrabando de álcool.

Se o padrão de contaminação apontar para um ponto de produção único, espera‑se que a operação de fechamento seja feita ainda nesta semana, diminuindo drasticamente o risco de novos casos. A população deve permanecer atenta às orientações oficiais e não hesitar em buscar assistência médica caso apresente qualquer dos sintomas descritos.

Frequently Asked Questions

Frequently Asked Questions

Como identificar se uma bebida está contaminada com metanol?

Bebidas que não apresentam rotulagem adequada, com preços muito abaixo do mercado ou provenientes de vendedores ambulantes costumam ser suspeitas. Os sintomas de intoxicação surgem entre 6 e 24 horas após o consumo e incluem dor abdominal, náuseas e visão turva. Caso note algum desses sinais, procure imediatamente um pronto‑socorro.

Quantas vítimas já foram confirmadas até agora?

Desde junho de 2025, o CVS confirmou seis casos de intoxicação por metanol, dos quais dois evoluíram para óbito. Além disso, há dez casos suspeitos em investigação na capital, e mais oito pacientes em tratamento hospitalar.

Qual o papel do Ministério da Justiça nesse cenário?

O Ministério da Justiça emitiu um alerta nacional, coordenando ações entre os órgãos de saúde, polícia e fiscalizações sanitárias. A medida visa acelerar a apreensão de produtos ilícitos e garantir que os responsáveis sejam responsabilizados.

Existe tratamento eficaz para intoxicação por metanol?

Sim. O antídoto padrão é o fomepizol, que impede a conversão do metanol em substâncias tóxicas. Quando administrado nas primeiras horas após a ingestão, aumenta significativamente as chances de recuperação completa. Em casos avançados, pode ser necessária diálise.

O que a população pode fazer para prevenir novos casos?

Fique atento ao preço e à procedência da bebida, evite comprar de vendedores não licenciados e, se sentir algum sintoma suspeito, busque atendimento imediato. As autoridades locais oferecem linhas telefônicas gratuitas para denúncias de bebidas suspeitas.