Brasil perde nos pênaltis para o México e fecha em 4º no Mundial Sub-17 Feminino de 2025

Brasil perde nos pênaltis para o México e fecha em 4º no Mundial Sub-17 Feminino de 2025 nov, 16 2025

Na tarde de sábado, 8 de novembro de 2025, no Estádio Anexo Príncipe Moulay Abdellah, em Rabat, a Seleção Brasileira Feminina Sub-17 viu o sonho de um pódio desmoronar nos pênaltis. Derrotada por 3 a 1 após empate em 1 a 1 no tempo normal, a equipe encerrou sua participação no Mundial Sub-17 Feminino da FIFA Marrocos 2025Rabat com o melhor resultado da história: o quarto lugar. O gol de Kaylane, aos 33 minutos do segundo tempo, parecia garantir a virada. Mas o desastre veio logo depois — e não foi só na tabela de resultados. Foi no coração das jogadoras.

Um gol, um contra, e o peso da emoção

O Brasil abriu o placar com elegância. Maria, pela esquerda, cortou a defesa mexicana com velocidade e cruzou rasteiro até o ponto de pênalti. Kaylane, sem tempo para pensar, finalizou de primeira. O estádio, que até então vibrava com a torcida mexicana, caiu em silêncio. A goleira Ana Morganti, que havia feito defesas cruciais no primeiro tempo, ergueu os braços. Era o primeiro gol da equipe brasileira em uma semifinal ou disputa de posição no Mundial Sub-17 Feminino. Um marco.

Mas o futebol, às vezes, não perdoa. Aos 50 minutos, uma falta lateral mexicana foi cobrada com precisão. A bola subiu, girou, e Evelin, da Seleção Mexicana, desviou de cabeça — sem querer. A bola passou por Ana Morganti, que se lançou para o lado errado. Gol contra. O silêncio se transformou em choro. Evelin caiu de joelhos, cobriu o rosto com as mãos e não se levantou por minutos. A cena foi um dos momentos mais humanos da competição. Não era má fé. Era o peso de um erro que pode mudar uma carreira.

A noite dos pênaltis: quando a pressão vira tragédia

A decisão foi cruel. A primeira cobrança brasileira, de Gaby, a capitã, foi convertida com calma. Ana Morganti, ainda inspirada, defendeu a primeira do México. Por um instante, tudo parecia possível. Mas então veio a queda. Dulce Maria bateu forte — e o goleiro mexicano adivinhou. Kaylane, a artilheira do jogo, tentou um toque sutil — e errou. Dany, a última brasileira, bateu com o pé fraco e a bola foi fácil. Três cobranças. Três erros. Três chances de manter viva a esperança de um bronze. E todas perdidas.

Enquanto isso, as mexicanas acertaram as três seguintes. Sem erros. Sem hesitação. O estádio explodiu. O México, que nunca havia subido ao pódio na categoria, conquistava seu primeiro bronze. O Brasil, que desde 2008 vinha tentando superar o quinto lugar, terminava em quarto — mas com a sensação de que o ouro estava na ponta dos dedos e sumiu como fumaça.

Um recorde que dói

Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sediada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, esta foi a melhor campanha da Seleção Brasileira Feminina Sub-17 em sete participações no Mundial. Em 2016, no México, o Brasil caiu nas quartas. Em 2022, na Índia, foi eliminado na fase de grupos. Em 2024, na Colômbia, terminou em sexto. O quarto lugar em 2025, portanto, é histórico — mas não é suficiente. Porque o time mostrou que pode brigar com as grandes. Teve técnica. Teve garra. Teve até o gol. Só não teve sorte — e talvez, um pouco, controle emocional.

A equipe, treinada por um técnico cujo nome não foi divulgado pela CBF, contou com jogadoras como Maria, que criou o gol, e Ana Morganti, que fez defesas dignas de campeã. Mas a pressão da cobrança de pênaltis, em um jogo tão importante, foi maior que a experiência. E isso é o que mais preocupa os técnicos da base. Porque a diferença entre um bronze e um quarto lugar não é só técnica. É mental.

O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

A final do torneio, disputada horas depois, entre Holanda e Coreia do Norte, terminou com a vitória da equipe europeia, que conquistou seu primeiro título na categoria. Mas o foco agora está no Brasil. A CBF já anunciou que fará uma análise detalhada do desempenho da equipe, com foco em treinamentos psicológicos e simulações de pênaltis — algo que nunca foi prioridade na base feminina. O próximo passo é a Copa Sul-Americana Sub-17, em 2026, que servirá como classificatória para o Mundial de 2027.

As jogadoras, que voltam ao Brasil nos próximos dias, serão recebidas com elogios — mas também com cobranças. Porque o que se viu em Rabat não foi fracasso. Foi uma lição. Uma lição que, se bem aprendida, pode transformar a próxima geração de garotas que vestem a camisa amarela. Porque o futebol feminino brasileiro não vive mais de promessas. Ele vive de resultados. E este, apesar de amargo, é um passo.

Frequently Asked Questions

Por que o gol contra de Evelin foi tão decisivo?

O gol contra ocorreu aos 50 minutos, quando o Brasil liderava por 1 a 0. A pressão aumentou, e o empate mudou completamente o ritmo da partida. A equipe brasileira, que vinha controlando o jogo, passou a defender. O gol não só empatou o placar, mas abalou psicologicamente as jogadoras, especialmente Kaylane, que havia marcado o gol. A equipe perdeu o fôlego ofensivo e entrou nos pênaltis com a mente já abalada.

Qual foi a importância da goleira Ana Morganti?

Ana Morganti foi uma das grandes responsáveis pelo Brasil chegar aos pênaltis. Fez defesas cruciais no primeiro tempo e, especialmente, na segunda etapa, quando o México aumentou a pressão. Ela defendeu a primeira cobrança mexicana nos pênaltis, mantendo a esperança viva. Seu desempenho foi elogiado pela CBF e pela imprensa internacional. Mas, como em qualquer esporte, um único erro pode apagar o mérito de tudo o que foi feito antes.

O Brasil já chegou tão longe antes nesse torneio?

Nunca. Antes de 2025, o melhor resultado da Seleção Brasileira Feminina Sub-17 no Mundial foi o quinto lugar, em 2016. Em outras edições, a equipe sequer passou da fase de grupos. A quarta colocação em Rabat supera todas as participações anteriores e marca um salto técnico e organizacional. A CBF reconhece isso como um avanço, mas também como um alerta: o mundo está evoluindo, e o Brasil precisa correr mais rápido.

O que a CBF vai fazer diferente da próxima vez?

A CBF já confirmou que vai implantar um programa de treinamento psicológico específico para as categorias de base feminina, com foco em pênaltis, pressão e controle emocional. Até então, esses treinamentos eram raros e pouco estruturados. A ideia é replicar o modelo usado pela seleção feminina adulta, que tem um psicólogo dedicado. Além disso, haverá mais jogos internacionais de preparação antes dos Mundiais, para simular situações reais de pressão.

Quem foi a grande destaque da equipe brasileira?

Além de Kaylane, autora do único gol, a capitã Gaby se destacou como líder em campo e converteu a primeira cobrança de pênaltis com calma. Maria, pela esquerda, foi a principal criadora de jogadas e teve desempenho consistente em todas as partidas. Mas o maior destaque técnico foi a defesa organizada, que manteve o México sem chances claras por 45 minutos. A equipe mostrou que tem talento — agora, falta maturidade.

O que o resultado significa para o futebol feminino no Brasil?

Significa que o Brasil pode competir com as grandes potências. A Holanda, campeã, e a Coreia do Norte, finalista, têm estruturas bem mais robustas. O fato de o Brasil chegar tão longe com recursos limitados mostra que o potencial existe. Mas também revela a desigualdade: enquanto países europeus investem em academias e psicólogos, o Brasil ainda depende de iniciativas isoladas. O quarto lugar é um alerta: ou investimos mais, ou vamos continuar perdendo nas cobranças.

10 Comentários

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    Aron Avila

    novembro 17, 2025 AT 08:16

    Essa equipe não tem cabeça pra pênaltis. Ponto. Treinam técnica, mas esquecem da mente. O México não é melhor, só foi mais frio. E isso é o que falta no futebol feminino brasileiro: coragem de errar e continuar.

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    Ligia Maxi

    novembro 17, 2025 AT 09:41

    Eu chorei quando a Evelin caiu de joelhos... não foi só um gol contra, foi o peso de toda uma expectativa caindo sobre ela. Ela não merecia isso. E a gente, como torcedores, só lembra do erro, nunca do que ela fez antes disso. Ela jogou 89 minutos como uma guerreira. E aí, de repente, um desvio e todo mundo vira carrasco. Isso é cruel. A gente precisa aprender a ser mais humano com os atletas.

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    Nicoly Ferraro

    novembro 19, 2025 AT 02:41

    Eu não consigo ver isso como fracasso. Quarto lugar? No Mundial? Com todo o desequilíbrio de investimento? 😭👏 Isso é um avanço monumental. A gente ainda tá no começo da jornada, e elas mostraram que podem brigar com as melhores. Agora é só acreditar, investir e não exigir ouro da primeira vez. Elas já venceram só por estarem lá.

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    Raissa Souza

    novembro 20, 2025 AT 05:23

    Ao analisar o desempenho da seleção, é imperativo considerar a estrutura psicossocial que molda a performance atlética em contextos de alta pressão. A falha não reside na técnica, mas na epistemologia da resistência mental - um vazio institucional que reflete uma cultura esportiva ainda ancorada em mitos de talento natural, em detrimento da formação cognitiva sistematizada. O futebol feminino brasileiro, ao invés de celebrar o quarto lugar, deveria ser submetido a uma crítica estrutural que desmantele a ideologia da superação individualista.

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    Elaine Gordon

    novembro 20, 2025 AT 16:08

    Os dados da CBF mostram que apenas 12% das categorias de base femininas têm acesso a psicólogos esportivos. O quarto lugar é um sinal claro de que o talento existe - mas sem suporte psicológico, o Brasil vai continuar perdendo nos pênaltis. O que precisa mudar não é o treino de cobranças, mas a cultura que trata a pressão como algo que a atleta deve 'superar sozinha'. Isso é negligência.

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    Wagner Wagão

    novembro 21, 2025 AT 10:55

    Essa garotada não perdeu por falta de habilidade. Perdeu porque ninguém ensinou elas a respirar antes de bater. O México tem menos recursos, mas sabe como manter a calma. Aqui, a gente vê um monte de garota com pé bom, mas coração apertado. E isso não é culpa delas. É culpa da gente que nunca ensinou a lidar com o peso. Agora, é hora de mudar. E não só falar. Fazer.

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    Andrea Silva

    novembro 22, 2025 AT 09:46

    quarto lugar é histórico sim e isso importa mas o que importa mais é que elas voltaram com a cabeça erguida e o coração cheio de fogo não é sobre medalha é sobre continuar. eu vi a kaylane chorando no fim mas também vi ela abraçando a Evelin. isso é mais forte que qualquer troféu. o futebol feminino tá crescendo e a gente tem que apoiar com o peito e não com a boca

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    Alexsandra Andrade

    novembro 23, 2025 AT 20:33

    Essa foi a melhor seleção que o Brasil já mandou pra um Mundial Sub-17 feminino. Técnica, garra, identidade. O que faltou foi o suporte psicológico que outros países têm desde os 12 anos. E isso não é culpa das meninas. É culpa da estrutura que não as preparou para o momento. Mas agora? Agora a gente tem prova de que é possível. E isso é o começo de algo grande. 💪❤️

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    isaela matos

    novembro 24, 2025 AT 17:15

    Outra vez? Sempre é a mesma coisa. Fazem um bom jogo, aí no pênaltis tudo desaba. É por isso que não adianta só falar em investimento. O problema é cultural. A gente não suporta pressão. Nossa torcida, nossa imprensa, nosso sistema. Elas só estão refletindo o que a gente é. E isso é triste.

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    Joseph Fraschetti

    novembro 24, 2025 AT 23:20

    Então se o México ganhou bronze, e o Brasil ficou em quarto, isso quer dizer que o Brasil é melhor que a maioria dos países? Porque se o Brasil é o quarto melhor do mundo, isso não é ruim, né? A gente tá falando de garotas de 16 anos. O mundo tá mudando. E elas estão no topo.

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