Messi perto de voltar: Mascherano atualiza lesão e mira retorno já na MLS

Messi volta, brilha em 45 minutos e sai com a mão na coxa: o que mudou nos últimos dias
Voltou, marcou, deu assistência em 45 minutos e, ainda assim, levou a mão à parte de trás da coxa. Essa imagem de Lionel Messi no jogo contra o LA Galaxy, em 16 de agosto, deixou o Inter Miami em alerta — e reacendeu a pergunta que move a MLS nesta reta decisiva: quando ele volta de fato?
O ponto de partida foi 2 de agosto, contra o Necaxa, pela Leagues Cup. Messi sentiu um incômodo muscular na perna direita e saiu ainda no primeiro tempo. O susto foi grande porque a sequência do calendário apontava para um filtro pesado: mata-mata da Leagues Cup e, logo na sequência, retomada da MLS.
Naquele momento, a preocupação principal era o duelo de quartas de final contra o Tigres UANL, em 20 de agosto. Antes disso, a comissão liberou o argentino para treinar com o grupo no dia 13, sinal de que o quadro clínico respondia. Javier Mascherano foi direto em coletiva: Messi estava com o elenco, seria observado dia a dia e, se nada de estranho surgisse, seria relacionado para o jogo com o Galaxy em 16 de agosto.
Foi exatamente o que aconteceu. Messi voltou, jogou 45 minutos, participou dos dois gols — um feito por ele, outro com assistência dele — e mostrou a leitura de espaços que muda o humor do time. No fim da etapa, porém, levou a mão à posterior da coxa. Nada de drama público, mas o recado interno foi de freio de mão puxado: controlar carga, ouvir o atleta e o departamento médico.
Nos dias seguintes, o protocolo ficou mais rígido. Messi treinou separado do grupo na véspera do Tigres, não participou do último trabalho coletivo e, por fim, nem foi para o banco nas quartas. Mascherano explicou que o desconforto existiu nos 45 minutos diante do Galaxy e que a decisão passava por monitoramento diário e resposta ao tratamento, sem carimbar nem presença nem ausência antes da hora.
Agora, o tom é de otimismo com cautela. A avaliação interna é que a lesão foi leve, sem sinal de gravidade, mas com risco de recidiva se houver aceleração no retorno. O técnico vem repetindo o mesmo norte: liberar só quando houver segurança clínica e funcional. Em linguagem simples: sem dor, sem perda de força, e com velocidade máxima próxima do habitual.
Por isso, a data que circula como possível reestreia é o jogo da MLS contra o DC United, em 23 de agosto. Ninguém no clube crava minutos, titularidade ou sequer presença, mas a combinação de melhora diária e um intervalo maior entre partidas ajuda. Se a resposta nos treinos de campo for limpa — sprints, mudanças de direção e chutes fortes sem reação negativa —, a tendência é que apareça ao menos no banco.
Nos bastidores, a rotina é de controle fino. O staff trabalha com sessões de carga controlada, alternando exercícios de força específica para posteriores da coxa e estímulos de alta velocidade em blocos curtos, além de testes de salto, equilíbrio e assimetria entre as pernas. O foco é evitar a armadilha clássica: sentir bem parado e voltar sem estar pronto para a exigência real do jogo.

Plano de retorno, impacto no time e por que a calma vence a pressa
Sem Messi, o Inter Miami se reorganizou com o que tem de sobra: experiência e leitura de jogo. Luis Suárez é a referência por dentro, segura zagueiro, abre espaço e decide nos pequenos toques dentro da área. Sergio Busquets dita o ritmo por trás, quebrando linhas com passes curtos que fazem o time sair jogando de cabeça erguida. A chegada de Rodrigo De Paul no meio trouxe perna, condução em velocidade e chegada à área. Telasco Segovia, quando acionado, dá mobilidade e trabalho entrelinhas.
Com Messi, a engrenagem muda de patamar porque os mesmos movimentos ganham sentido diferente. Suárez deixa de ser só pivô e vira finalizador de primeira bola limpa. Busquets passa a ter um alvo preferencial no passe vertical. De Paul se projeta para a segunda bola e pressiona a perda com agressividade, sabendo que a equipe vai recuperar alto. O Miami volta a ocupar melhor os “meios espaços”, aquele corredor entre lateral e zagueiro onde Messi gosta de receber, atrair marcação e soltar o último passe.
O desenho tático tem variado entre 4-3-3 e 4-2-3-1. Sem o camisa 10, a equipe tende a acelerar mais pelos lados e a finalizar em cruzamentos. Com ele, o time encontra mais tabelas curtas, infiltrações e finalizações dentro da área. Isso muda até a defesa: quando o ataque segura a bola com qualidade, a linha de trás sofre menos transições.
Por que tanta cautela com uma lesão “pequena”? Porque posteriores da coxa são traiçoeiros. Em termos médicos, um estiramento leve (grau 1) pode melhorar muito em poucos dias, mas a taxa de recidiva aumenta se o atleta voltar antes de recuperar força excêntrica e tolerância a sprints repetidos. Em geral, o intervalo de retorno para casos leves vai de uma a três semanas, dependendo do histórico e da resposta ao treino. O que derruba o plano não é correr uma vez, é repetir o sprint, frear, girar e chutar em alta velocidade sem compensar.
O calendário também pesa. Houve jogo no dia 16 (LA Galaxy), quartas no dia 20 (Tigres) e, logo depois, MLS no dia 23 (DC United). Quatro dias entre partidas, viagens, diferentes gramados e cargas emocionais altas. Tudo isso compõe a decisão. Um retorno de 20 a 30 minutos no segundo tempo pode ser mais inteligente do que uma titularidade com 60 minutos improvisados.
Mascherano tem batido nessa tecla. Em resumo: sem pressa, sem prometer prazo, e com transparência interna. Ele disse que a liberação depende da evolução clínica e da resposta ao tratamento. Traduzindo: não basta “se sentir bem”, é preciso passar nos testes objetivos do departamento médico.
O Inter Miami tem conseguido atenuar a ausência apoiado na hierarquia do elenco. Suárez puxa o ataque; De Paul faz a ponte entre meio e frente; Busquets dá o compasso; os pontas abrem o campo e alimentam a área. Nos jogos sem Messi, o time perde criatividade no último passe, mas, compensando com organização e pressão pós-perda, mantém capacidade de gerar chances. Quando ele voltar, a equipe tende a trocar volume por precisão.
Na prática, o plano de retorno costuma seguir etapas claras: primeiro, dor controlada no dia a dia; depois, corrida leve, progressão para tiros curtos; inclusão de trabalhos excêntricos para posteriores (nórdicos, por exemplo); treinos com mudança de direção; por fim, participação limitada em coletivo, com minutos contados. Só depois disso vem a liberação competitiva, ainda com monitoramento de carga e feedback no pós-jogo.
O duelo contra o Tigres foi um corte duro pela frente e pelo contexto de mata-mata. Sem o 10, o Miami precisou encurtar o campo e proteger a área, algo que consome energia e exige concentração contínua. O plano de poupar ali, mesmo numa decisão, diz muito sobre a prioridade: ter o craque inteiro para a reta final da MLS e para os jogos grandes que virão.
E se o retorno for mesmo contra o DC United? O cenário mais lógico é a comissão decidir no dia do jogo, com base no último treino forte. Se houver luz verde, a tendência é de minutagem controlada: entrar no segundo tempo, sentir o ritmo, sair sem desconforto e acumular lastro para a sequência. Se surgir qualquer resposta ruim, segura-se mais alguns dias. É um processo, não um evento.
Enquanto isso, o vestiário gira em torno de uma ideia simples: manter o nível competitivo e entregar o time pronto quando o 10 voltar. A presença de líderes experientes ajuda a segurar o ambiente. E a torcida, que lota o estádio mesmo sabendo da chance de não vê-lo em campo, também entrou no jogo da paciência.
Resumindo o quadro atual: a recuperação anda, o sinal é positivo, mas a régua é alta. O Inter Miami não vende milagre. Vende um retorno consistente, sem risco desnecessário. É jogar o tempo a favor para ter a melhor versão do camisa 10 onde realmente importa.
- Lesão: incômodo muscular na perna direita, sentido em 2/8 contra o Necaxa.
- Retorno parcial: 45 minutos contra o LA Galaxy em 16/8, com gol e assistência.
- Gestão de risco: treino separado após o jogo, fora contra o Tigres em 20/8.
- Próximo passo: chance de reaparecer contra o DC United em 23/8, se a resposta clínica e física permitir.
O recado final de Mascherano foi direto: a evolução é boa e o trabalho é diário. O resto, o campo conta quando o relógio e o corpo disserem sim.